Chocolate Quente para a Alma

"Existe uma lógica no Universo e os acontecimentos da nossa vida não são obra do acaso" (Arielle Ford)

quarta-feira, 30 de março de 2011

fim de vida


 Sinto-me a flutuar sobre um corpo inanimado, deitado na cama que o acolheu, todas as noites para repousar. Aquele corpo era o meu. Está agora sem vida, deitado no leito da sua morte”.
Tem 92 anos, morreu durante o sono. Antes de se deitar ontem, fez um apetitoso jantar acompanhado com um aromático bolo de laranja, apanhadas de manhã no seu quintal. No jantar estiveram presentes os seu filhos e os seus netos, como acontecia quase todos os domingos. Teve uma vida completa, repleta de bons e maus momentos. Uma infância com pais separados mas sempre presentes nos marcos importantes da sua vida. Estudou, tirou um curso superior que lhe permitiu levar uma vida a cuidar dos enfermos. Casou, teve filhos, depois viu nascer os netos que acompanhou sempre que pôde. Levou uma vida sempre com pensamentos positivos, apesar das dificuldades e obstáculos que iam surgindo. Sofria de intensas dores das costas, mas que não a impediam de sair de casa para dar uma voltinha e conversar. Tomava um comprimido e um café quentinho e já estava boa (ou aparentemente), a cama não era a solução para maleitas da idade. Cama só à noite, para dormir. Mas hoje, durante o silêncio da noite, o seu corpo sucumbiu-se ao peso da idade e de uma vida cheia. Deu o fim da sua graça. Mas morreu feliz. Fez tudo o que quis e que a fez feliz durante a vida. É o percurso natural do ser humano, e se este termina desta forma, depois de uma vida cheia, não deve haver tristeza, mas sim alegria. As pessoas não devem ser recordadas pela sua morte, mas por todas as coisas que fizeram em vida.